Samuel não sabia de que forma foi parar
naquele lugar insólito; uma montanha que se assomava acima de muitas nuvens e
em cujo topo estava colocado algo como um enorme templo. Ele estava parado bem em
frente a este grande templo e olhava estupefato para a vista ao pé da montanha;
lá em baixo a visão que ele tinha era a do Rio de Janeiro; ele não podia ver,
mas de alguma forma sabia que o dia estava começando lá embaixo e as pessoas
movimentavam-se atarefadas de um lado para outro da cidade. Era uma sensação
muito inquietante, e nada daquilo fazia o menor sentido.
De repente uma voz surgida de
suas costas chamou-lhe a atenção, era uma voz rouca e sem expressão; quando
Samuel se virou espantou-se ainda mais, pois, parado junto à gigantesca entrada
do templo estava algo parecido com uma pessoa, mas era translúcido como um
fantasma dos desenhos infantis, e pior, às vezes suas feições eram masculinas e
outras vezes femininas. Aquilo o chamou pelo nome e em seguida disse algo
intrigante:
_ Samuel Andreas Chagas._ falou
roucamente. E continuou._ ele já o espera conforme seu pedido; siga-me.
O fantasma aparecia e sumia
enquanto andava para dentro da grande e abobadada entrada e ainda sem saber do
que se tratava Samuel o seguia mantendo uma distância que julgava segura.
Dentro do lugar, um corredor tão grande quanto todas as coisas que ali estavam,
se estendia por muitos e muitos metros a perder de vista e em suas paredes
escuras, toscamente iluminadas por pequenos filetes do sol da manhã que entravam
por aberturas no teto erguido muitos metros acima do solo, estavam uma infinidade
de estátuas fabricadas num material que parecia mármore, entretanto, o rapaz
não ousava tocá-las; algumas pareciam com pretorianos, outras com soldados
nazistas, outros ainda com pessoas comum; homens, mulheres e crianças; algumas
assemelhavam-se a gregos antigos, filósofos, vikings; outras tinham a aparência
de regentes de povos africanos, asiáticos e mais uma infinidade de estereótipos
diferentes colocados como troféus em compartimentos específicos incrustados nas paredes de pedra. Todas as estátuas possuíam uma riqueza de detalhes assombrosa e Samuel
ora olhava as estátuas e ora procurava ver o fantasma na sua frente caminhando sem
nenhuma pressa de chegar ao lugar para o qual se dirigia.
_ Quem é você?_ perguntou ao
vulto, mas ele não respondia e o jovem insistia._Que lugar e este?
Nada de resposta, e os passos
comedidos seguiam pelos corredores da construção. Samuel pensava que poderia
estar louco ou até mesmo morto. Nunca completaria seu chamado de apregoar às
pessoas na terra o que ele mesmo chamava de farsa das potestades; como aquilo
podia ter acontecido, não se lembrava do que tinha feito nas horas antes de se
ver parado frente ao templo.
_Siga através do vestíbulo até
o próximo corredor e pelas escadas para dentro do átrio onde ele espera por
você._Disse o fantasma e em seguida desapareceu por completo como que carregado
por um vento que Samuel não sentiu.
Olhando para frente estava um
grande cômodo arredondado em cujo teto em cúpula mostrava um grande número de
estrelas como numa noite limpa de céu enfeitado; era como ver uma constelação a
poucos metros dos olhos e Samuel se pegou erguendo os braços como um tolo,
tentando tocá-las, mas estavam a mais de vinte metros de altura, porém o brilho
que emanavam era algo fora do comum.
Continuando na caminhada, ele
presenciou também uma dança luminosa de pequenas bolas de luz pálidas,
esfumaçadas, girando e fazendo evoluções em pleno ar; elas pareciam ser
formadas de algo parecido com o fantasma que o trouxera até aquele ponto. Uma
espécie de vento brilhante.
Mais na frente, as estátuas
começaram a reaparecer, algumas com feições alegres, outras com feições tristes
e até mesmo rostos aterrorizados; o corredor sombrio também se fez presente outra
vez, mas ao fundo havia uma pequena luz que quanto mais ele andava em sua
direção mais parecia estar longe. Samuel perdeu a noção de quanto tempo
caminhou e sem olhar para o chão no qual pisava às vezes tinha a sensação de
que caminhava sobre o nada. Tinha a nítida sensação de que estava caminhando
sobre um abismo, mas não ousou verificar. O jovem apenas acreditava que fosse
aquilo o que fosse; Deus estava ali ao seu lado; já tinha passado por algumas
experiências muito estranhas na vida; nada como esta, mas ainda sim confiava
plenamente que Deus, que o salvara anos antes, e o fez enfrentar cara a
cara a Sorte, o Azar e o Acaso, ainda estava ali com ele.
_ Senhor, não sei onde estou
nem para aonde vou, mas com o Senhor aqui posso passar por isso, venha o que
vier._ sussurrou aquela prece mais para si mesmo.
A luz que já parecia longe
afastou-se ainda mais e de repente todo o lugar tremeu sutilmente. a atenção do
rapaz estava focada apenas em sair daquele lugar lúgubre, seu coração começou a
aquecer-se com uma série de citações bíblicas das quais gostava muito e que já
tinham servido em algum momento para reanimá-lo.
“Não deixarás a minha alma na
morte”; lembrou-se.
Várias outras estavam em sua
mente, mas naquele momento esta foi a que ele segurou no coração para terminar
a caminhada.
O corredor findou-se e nasceu o
limiar de uma escadaria não menos larga do que todo o resto, os degraus desciam
terra adentro como numa grande caverna, entretanto, as paredes e os próprios
degraus eram extremamente trabalhados com grandes blocos de uma matéria escura
desconhecida por Samuel e assemelhava-se ao teto estrelado da ante-sala por
onde acabara de passar. Tudo ainda estava muito confuso na mente do jovem, mas
pouco a pouco sua paz retornava e isso era a única coisa que importava naquele
momento.
A luz reapareceu bruxuleante ao
longe, mas desta vez conforme os passos iam sendo dados ela se aproximava até
que ao chegar perto viu que se tratava de uma tocha presa em um suporte de
ferro frio na parede. Enquanto ele prestava atenção na dança das chamas que
revelavam sombras também dançantes em todas as paredes do lugar, vozes surgiram
ecoando no ar vindas provavelmente do local aonde findava-se a escadaria, foi
naquele momento que Samuel se lembrou que devia continuar andando, nunca antes
uma chama tinha capturado sua atenção daquela forma hipnótica e a última coisa
que ele desejava era se perder naquele corredor escuro, frio e triste.
“Eu sou a ordem natural
estabelecida do universo”_ disse uma voz que passou por Samuel como um vento.
O rapaz acordou de um leve
entorpecimento e percebeu que seus sentidos o estavam abandonando; a escuridão
do lugar agora tentava entrar em seu coração e mente com uma violência que
nunca tinha provado antes. Frio, medo, dúvida, tristeza e sono eram apenas
algumas das sensações que tentavam violar sua sanidade; era como estar preso em
um pesadelo do qual não podia acordar mesmo fazendo muita força.
Quando deu por si já estava
sentado e recostado em um dos lugares vazios encravados na parede reservados às
estatuas de mármore, mas um pensamento circulava sua mente tentando afugentar
as sombras invasoras:
“A caminhada.”_pensava ele _
“Preciso continuar caminhando, mesmo que as sombras obscureçam minha frente”.
Ele não percebeu, mas a chama
que dançava inicialmente na tocha da parede tinha se tornado tão pequena quanto
uma luz de vela, e bruxuleava a ponto de se apagar; porém quando ele resolveu
continuar na caminhada, forçando a sua fé sobre todas as outras sensações; a
chama na tocha ganhou volume novamente e iluminou o corredor sombrio afastando
os temores que se avizinhavam. Samuel ficou de pé e ousadamente recomeçou a
decida pelos degraus.
Imediatamente a escadaria havia
desaparecido e ele estava em frente a um grande portão que abriu assim que ele
se aproximou; lá dentro revelava-se um cômodo iluminado onde a luz do sol
parecia penetrar sabe-se lá como. Do limiar da sala Samuel viu claramente a
extensão do lugar que era enorme e parecia com uma antiga arena romana muito
utilizada na desumana época dos imperadores; no centro do lugar estava colocado
algo como um trono sobre um grande pedestal, e sentado no trono a criatura em forma de um homem que
Samuel nunca vira na vida, mas a julgar pelas pessoas que estavam aninhados ao
seu lado um pouco mais abaixo nos degraus que levavam ao pedestal, ele já podia
imaginar quem seria aquele “homem”.
O homem pronunciou calmamente:
_ Eu sou a ordem natural
estabelecida do universo.
Suas vestes pareciam ser feitas
pelo mesmo vento brilhante do qual eram feitos os fantasmas das salas e
corredores anteriores. Ele descansava seu cotovelo sobre o apoio do trono e
tocava os lábios com o dedo indicador enquanto repousava o outro braço no outro
apoio, como um legítimo imperador faria e olhava curioso para o jovem parado
ali em sua frente.
_Você é o Destino._ Rebateu Samuel sem
nenhuma questão de reverenciá-lo, pois sabia que era isso o que ele estava
esperando.
Junto ao Destino estavam na
direita o Acaso, na esquerda o Azar e na frente a Sorte; os três pareciam olhar
além de Samuel, por sobre seu ombro.
O Destino insistiu:
_ Sou a sucessão inevitável de
acontecimentos provocados ou desconhecidos. E você mortal, quem és?
Não havia tempo para que Samuel
olha-se para trás a fim de averiguar o que os três irmãos estavam vendo de modo
tão apreensivo, e resolveu encarar o Destino face a face, afinal era aquilo o
que ele procurava já há bastante tempo e se Deus o concedera aquele momento era
porque queria que ele o usasse da melhor forma possível.
No momento que Samuel ia
responder, o Destino se interpôs e respondeu ele mesmo:
_Samuel é o seu nome, oh! Sim;
meus irmãos já me falaram de você; nunca pensei que viria até aqui.
E continuou:
_ Posso perceber que você se
tornou outra pessoa realmente, sua velha criatura desapareceu e agora há de
fato O Selo do Criador em seu espírito.
Samuel sentiu um pouco mais de
confiança, percebeu que o Destino ficou inquieto quando falou aquelas palavras.
_ Encontrei o verdadeiro
Caminho._ disse o jovem.
O Destino endireitou-se em seu
trono.
_ Sabe que lugar é este? _
perguntou; respondendo logo em seguida_ Esta é uma das inefáveis miríades de
regiões celestiais; vou ser sincero, não pensei que você conseguiria passar
pelos corredores das sombras, aqueles espíritos não costumam deixar mortais
saírem de seus domínios; os homens e mulheres que se aventuraram naquelas
sombras vagaram perdidos até tornarem-se estátuas, tiveram suas vidas drenadas
pelas sombras que ali vivem e foram dominados por elas; nem eu sei ao certo o
que há lá dentro daquele labirinto. Vejo que lhe subestimei.
Samuel não tinha visto
labirinto algum, só havia passado por caminhos retos e planos embora realmente
muito escuros.
_ O meu SENHOR tornou seu
labirinto em uma única vereda, guardou-me de ver coisas que eu não precisava e
mesmo com toda aquela escuridão a fé me trouxe até aqui._Respondeu prontamente.
O Destino não gostou muito da
resposta e retrucou:
_Mortal insolente! Como ousa
pronunciar tal palavra diante de mim?
E novamente Samuel atacou;
sabia que o Destino odeia quando as pessoas, pela Fé em Jesus, mudam os
caminhos de sua vida, não aceitando coisas preestabelecidas por potestades,
principados ou dominações quaisquer:
_ Porque para mim você não é
nada.
Nesse momento o Azar entrou na
conversa.
_ Irmão!_ disse ao Destino_
Vamos acabar com ele aqui mesmo, impedir que ele acorde, sim, já fizemos isso
antes e podemos fazer de novo.
_Silêncio!_ vociferou o
Destino_ Então seu tolo, não está vendo que há mensageiros ao redor do garoto.
Samuel olhou finalmente para
trás e junto da porta que agora estava fechada havia uma outra pessoa trajada
de branco com os olhos fechados e a cabeça levemente voltada para cima. O mais
intrigante era que aquela pessoa trazia consigo em uma das mãos uma belíssima
espada cujo cabo parecia marfim e cuja lâmina emanava um brilho dourado e pulsante.
Samuel agradeceu sussurrando a
Deus, porque naquele momento mais uma de suas palavras estava sendo
manifestada.
_ Aos seus anjos dará ordem a
teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. _ pronunciou o
Acaso, citando um trecho da bíblia.
A Sorte completou contrariada:
_ Até aqui.
O Destino obviamente não gosta
de ser desafiado em seu território, porém ele via mais mensageiros, ou
guardiões, do que Samuel e já sabia que não tinha autoridade suficiente para
tomar a vida do rapaz como fizera a outros que o procuraram durante os séculos.
A Sorte e o Azar estavam visivelmente transtornados e olhavam para o Destino
como que procurando uma resposta para aquela afronta.
Samuel recomeçou efusivamente:
_ Antes de ser trazido até aqui
por um de seus fantasmas, eu estava lá fora sobre a montanha e vi o Rio de Janeiro
aos pés do monte; sei que você e seus irmãos, assim como tantos outros, estão
agindo de todas as formas para que esta cidade se perca, mas não vai acontecer;
tal como aquela luz da tocha estava quebrando a escuridão no corredor sombrio,
são os candelabros que na terra estão batalhando contra suas forças em nome do
SENHOR.
O Destino parecia realmente um
imperador contrariado, tal era sua postura, e seus irmãos portavam-se como cães
de guarda; inquietos subindo e descendo os degraus que levavam ao pedestal e
sussurrando coisas entre si em uma espécie de idioma não humano.
_ E eu suponho que você seja um
destes heróis que crê ter forças para desafiar as potestades. Para me desafiar?
Mesmo após ter sido por tantos anos um místico convicto._ disse o Destino
mostrando que conhecia sua vida.
A Sorte também falou:
_Você sabe que não é possível
vencer o Destino, tampouco jogar com a Sorte ou fugir do Azar e sabe também que
todos estão à mercê do Acaso; portanto volte-se para nós, seja nosso seguidor e
viva seus dias na mais completa tranquilidade. Meu irmão concorda em atacar
somente quem você quiser que seja atacado, eu posso providenciar fama, dinheiro
e mulheres; mudaremos sua vida. Imagine como seria.
A Sorte era exatamente como uma
serpente tentando injetar seu veneno; e Samuel sabia que tudo aquilo não
passava de uma trama para tirá-lo da posição na qual estava; mesmo que tudo
aquilo fosse verdade, ainda assim não interessava, mas a verdade era que a Sorte
e o Azar; ou Fortuna e Infortúnio, são como dois escorpiões, cujo único intuito
é ferir mortalmente aqueles que se aproximam, entretanto, era possível que eles
estivessem dispostos a fingir que seriam comandados pelo jovem; afinal de
contas, com a erudição que possuíam seria muito fácil ludibriá-lo.
_ O tempo não importa, não é?_
Samuel respondeu com uma pergunta.
A Sorte não entendeu e ele
explicou:
_ Você até poderia cumprir isso
que acabou de dizer, mas sei que seu intuito está muito além; para vocês
potestades, não importa se terão que “dar” algo ou “favorecer” alguém, pois
sabem que o tempo que um homem passa sobre a terra não é o único tempo que ele
tem, vocês sabem que após isso é o que verdadeiramente importa e todos os seus
esforços estão concentrados em separar o homem de Deus para sempre.
O Acaso perdeu a paciência e
esboçou um ataque corporal, mas logo se conteve novamente ao perceber que não
seria possível. Samuel viu apenas a luz dourada surgir nas suas costas e
entendeu que o mensageiro havia também esboçado um contra-ataque, obviamente o
Acaso não suportaria uma batalha naquela magnitude e nitidamente as chamas
douradas da espada estavam incomodando as potestades, embora Samuel não
estivesse sentindo o calor das labaredas luminosas.
O Destino via seus irmãos sendo
contrariados bem diante de seus olhos, porém permanecia menos abalado com a
ousadia daquele mortal do que os outros; certamente tratava-se da mente por
trás dos atos da Sorte, do Azar e do Acaso.
_Maldição!_ Esbravejou o Acaso;
concluindo._ Guardiões!
E como num passe de mágica
aquela potestade lançou mão de sua gadanha que surgiu formada a partir do vento
brilhante que infestava toda a grande sala. Certamente estava pronto para
tentar um confronto.
A Sorte e o Azar olhavam para
os lados e para a enorme cúpula abobadada como se estivessem vendo algo que
Samuel não pudesse contemplar com seus olhos mortais; o Azar fez surgir da
mesma forma que seu irmão um chicote que se desenrolou pelos degraus da escada
onde estava e o estalou contra o chão numa típica atitude desafiadora.
Samuel olhou de soslaio para o
anjo junto à porta, mas ele permanecia parado da mesma forma como se nada
estivesse acontecendo.
Finalmente o Destino se
levantou de seu trono ordenando que seus irmãos se controlassem:
_ Silêncio! Quietos!_ disse._
Posso ver claramente que este jovem aqui não é como os outros que por ganância ou vaidade estiveram perante nós no passado; sim! Posso ver que o Altíssimo colocou suas
asas sobre você, portanto não podemos tocá-lo enquanto estiver no plano
espiritual ou mesmo onírico, porém, escute bem o que vou falar e guarde minhas
palavras jovem “caçador de potestades”.
O Destino se interrompeu
momentaneamente, e suas vestes esfumaçadas desapareciam e reapareciam
luminosamente; somente naquele momento Samuel percebeu que aquele ser com quem
falava devia ter mais de dois metros de altura e que embora não fosse possível
ver com clareza em suas costas havia dois grandes vultos tal como asas
translúcidas que modificavam o ambiente a seu redor, distorcendo a realidade. O
detalhe mais esquisito era que tais asas se pareciam com as asas de alguma
espécie de dragão; muito vistas em estátuas de gárgulas que adornam as amuradas
de castelos góticos da idade média.
O Destino voltou a falar:
_ Você descobriu a Verdade._
disse apontando para Samuel._ Você entendeu o que foi o sacrifício redentor
realizado pelo Filho de Deus na terra milênios atrás, você aprendeu que a única
coisa que os homens precisam fazer é aceitar este sacrifício para passar das
trevas para Luz e para terem ao seu redor a real proteção invisível do Exército
Celestial, mas o tempo está a meu favor; o tempo sempre está a nosso favor, o
mundo nos pertence e goste você ou não, seu tempo chegará, você passará e
outros estarão fazendo a mesma coisa que sempre fizeram; estarão suplicando que
nós os dominemos, entregarão suas vidas à Sorte e ao Acaso crendo que o Destino
é quem os guia e que as coisas são apenas o que são porque assim é que tem de
ser.
Enquanto falava eloquentemente
como um mestre da oratória o Destino sorria:
_ Tenho quase todo o mundo nas
minhas mãos, e meus irmãos, como corvos das tempestades a cada dia fazem novos
sectários ao redor da terra; lute o quanto quiser, mas saiba quem somos.
Samuel estava realmente ficando
incomodado, mas não é corporalmente que se confronta este tipo de criatura e
ele já tinha aprendido como fazê-lo na terra; usando de esperança, fé e amor. A
grande verdade era que naquele momento o Destino estava falando o que via ao
redor do mundo, porém havia muitas pessoas combatendo nesta guerra e carregando o Grande Nome de Jesus; muitos não tinham esse tipo de
encontro com as potestades; já outros possuíam experiências ainda mais
insólitas, mas todos estavam de algum modo ligados à batalha travada pelas
almas dos seres humanos; onde o espírito do mundo, o príncipe das potestades do
ar, tenta todos os dias arrebatar e controlar os sentimentos e pensamentos
usando para isso suas potestades.
Samuel avançou alguns passos na
direção do gigante Destino, demonstrando sua falta de temor e olhando fixamente
nos olhos dele, que se assemelhavam a duas pequenas constelações; tamanha sua
luminosidade, disse:
_ Você, seus irmãos e todos os
principados e potestades que existem caíram naquele dia faz dois milênios,
quando o Salvador foi levado à cruz; meu trabalho agora é apenas fazer com que
as pessoas saibam disso e certamente elas deixarão seus desígnios e serão
salvas; comandarão suas próprias vidas e vocês entraram num esquecimento nunca
antes experimentado; pode levar tempo, mas não me importo. No fim a Luz vai
prevalecer.
O Destino estava impressionado,
mas não queria demonstrar e para terminar aquele encontro ainda pronunciou
algumas palavras:
_ Vamos nos ver muito; eu
estarei nas vidas de quase todos aqueles que você conhece, até os mais
próximos, assim como meus irmãos e tantos outros do império, dia após dia vamos
nos confrontar por meio das pessoas, sem que elas mesmas saibam disso._ De
repente ele interrompeu o que estava dizendo e falou:_ O tempo da nossa
conversa findou-se.
Todo o lugar escureceu
rapidamente e Samuel não ouviu mais nada, todo o lugar sumiu como uma miragem
que se desfaz e ele ficou alguns momentos na mais completa escuridão pensando o
que significava tudo aquilo até ouvir o som de seu telefone celular tocando;
naquela hora ele acordou, estava em casa, no seu quarto, olhou para o relógio
sob a cabeceira da cama e constatou que já passava das nove horas da manhã de
um sábado, tinha dormido demais. O telefone tocava com o som de “A Cavalgada
das Valkírias”, de Richard Wagner; ele atendeu e do outro lado ouviu a voz feminina e
conhecida de sua noiva entusiasmada:
_ Sam._ disse ela_ preciso
falar com você, acho que encontramos aquilo que estávamos procurando, foi uma
tremenda sorte.
Samuel riu ao telefone sem que
ela entendesse o motivo. Mas ele ria porque era costume das pessoas falarem daquele
jeito, mesmo alguns convertidos como ela, mas estava feliz, pois mais um dia
tinha sido presenteado para sua vida.
Ele percebeu um pouco de poeira
brilhante que estava em suas roupas e disse:
_ Você não vai acreditar com
quem estive esta noite; vou lhe contar tudo quando chegar aí.
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